domingo, 25 de janeiro de 2015

Depois da mudança, a bonança

A mudança para a nossa casa nova - quase há um ano - foi recheada de pequenos (e grandes) percalços, que retratam bem alguns dos mais peculiares traços da maneira de estar albanesa.

Prazos são para os albaneses uma condição "relativa"... por isso, comprometem-se sempre, sejam eles quais forem, mas depois não os cumprem... e aí começa a diversão.

Connosco, deu para ficarmos uma semana sem cozinha, a viver em modo acampamento... apenas com as camas, os sofás e claro, a TV e a o home cinema...!!!

Para montar completamente a cozinha foram duas semanas de "neser" - significa "amanhã" - em que sucessivamente as coisas se iam adiando... sem resolução à vista!

Depois de quase tudo já organizado, foram só quatro meses até conseguirmos ter a estante para os livros... mas enfim, lá fomos lidando com tudo isto, rindo do "neser" e do "pas neser" (depois de amanhã)... na esperança que tudo iria acabar por se resolver. E assim foi!

No meio de tantas aventuras, uma das coisas mais engraçadas passou-se com a montagem do fantástico candeeiro da sala... num belo dia, três operários vieram montar um candeeiro cheio de design no tecto da nossa sala... pé direito nesse sítio, à volta de cinco metros, e onde está o escadote para chegar lá...???

Ska probleme! (sem problema, tradução livre)... venha a solução engenhosa!

Desenrascanço à albanesa!!!
Depois de tudo isto, e pensando que o esforço compensa, a nossa sala ficaria definitivamente iluminada, mas... depois de tentarem ligar todos os interruptores existentes nessa divisão... chegou-se à conclusão que havia um problema para resolver pelo electricista mais qualificado... que viria, quando?... Neser!!

E veio mesmo, neser! Não só o electricista, mas também o senhorio, o engenheiro com as plantas... e começaram novamente por testar todos os interruptores. Sem sucesso, claro! Certo, certo é que existia um fio ao qual o candeeiro estava ligado... Bom, o melhor é começar a verificar as caixas de ligação... talvez alguma coisa tenha ficado desligada...

Testes e mais testes, e nada!! Nem luz, nem ideia de como resolver o problema... E, portanto, fica... para... amanhã!!

No dia seguinte, aparece outra equipa... mais determinada, decidem fazer um buraco no pladur  do tecto, e Eureka! Ei-lo.... o fio que ligava ao candeeiro terminava abruptamente no meio do tecto, sem qualquer ligação a fonte de energia que o pudesse alimentar...

Contentíssimos, fizeram uma ligação a outro fio que vinha da caixa de alimentação, e eis que a nossa sala se iluminava! Problema resolvido... neser, viria o estucador e o pintor para resolver o problema do tecto falso... Até hoje, estou a aguardar a pintura final do remendo que foi feito há mais de 10 meses!

Mas, os nossos vizinhos já vacinados com a nossa experiência deram mais dois meses para que todas as obras da casa deles fossem concluídas a tempo da mudança... E, claro, no dia da mudança, para além de imensas coisas para acabar, em pleno Julho, não tinha chegado o aparelho do ar condicionado... Estaria retido na fronteira Grécia-Albânia, nada a fazer, talvez neser... 

Neser, após neser... e nada! Valeu-lhes a ventoinha comprada pelo Zé (para fazer face ao calor do Verão de 2013 na nossa antiga casa quando o ar condicionado se avariou)!

No dia em que chegou, até teve direito a fotografia:


E, agora, como dizia o Vasco Santana, já sabem, "....têm aqui uma casa às ordens" e com um quarto extra para alojar familiares e amigos que queiram matar as saudades e a curiosidade sobre este país notável...

até neser!

Sem comentários:

Enviar um comentário