Na segunda-feira, 21 de Abril, passaram dois anos desde que aterrámos pela primeira vez em Rinas - o aeroporto internacional de Tirana - e que iniciámos esta fantástica aventura pelos Balcãs.
Como já vos fomos relatando, a avaliação é mais do que positiva! A Albânia revelou-se um país com algumas surpresas agradáveis e podemos dizer que estamos totalmente integrados. Já passaram 732 dias desde que aqui chegámos e, apesar das muitas saudades quotidianas de todos os que deixámos em Portugal, não podemos de modo algum deixar de afirmar que "Valeu a pena!"
Sim, valeu... e está a valer a pena!
Em ano do quadragésimo aniversário do 25 de Abril (e do meu também, já agora!) há quem faça esta pergunta sobre a revolução dos cravos, a essa também respondo positivamente. Valeu a pena? Claro, como pode alguém dizer que não!
Viver num país como a Albânia faz-nos também ter mais presente o quanto valeu a pena o 25 de Abril em Portugal, a queda do Franco em Espanha e do Mussolini em Itália, e a transição ocorrida em 1991 na Albânia após a queda do regime do Enver Hoxha. Ninguém pode (ou deveria poder) duvidar, mas isso também faz parte daquilo a chamamos liberdade... Nenhum regime ditatorial, de esquerda ou de direita, pode ser mais valioso do que o que se conquista depois da sua queda...
Por aqui, recordamos este pensamento todos os dias. E, sim, também valeu a pena para os países da Europa de Leste, como a Albânia, que fizeram a transição do comunismo para uma frágil democracia. Ainda que subsistam muitas evidências que mostram o quanto a democracia, a liberdade, os direitos humanos, os das minorias e especialmente, os das mulheres e os da população cigana são para muitos apenas uma ténue miragem no horizonte da transição, valeu a pena! E por isso mesmo, tudo é tão estranhamente semelhante com o Portugal dos anos 60-70! E que caminho fizemos na sociedade portuguesa... Não nos enganemos! Valeu a pena!! Valeu a pena!!
Como dizia o Pessoa, na verdade, tudo vale a pena se a alma não é pequena! Foi isso que fizemos há dois anos atrás - fizemos a nossa alma maior, e abraçamos este país e esta experiência com a bondade e a curiosidade das transições que a vida nos oferece...
Façam, sempre que possível, as vossas almas ficarem maiores... e valerá sempre a pena!
