Poucos dias após a nossa chegada, começaram os JO 2012. Conseguimos ver bastantes transmissões graças às duas 'boxes' da ZON que aqui temos instaladas (isto e o Skype são os nossos principais elos de ligação com a nossa terra). Foram dias cheios de competição, medalhas e belas imagens de um espectáculo sempre a não perder. O Álvaro ficou bastante inspirado pelos JO através do fantástico Michael Phelps e do voador Usain Bolt. Os nossos remadores na canoagem permitiram-lhe também ficar bastante orgulhoso com o nosso país e as nossas medalhas de prata.
Nas primeiras semanas de Agosto tivemos também dias difíceis, emocionalmente, por um lado a expectativa e preocupação com o estado de saúde do pai da Carmo, por outro, a partida de três Amigos quase em dias seguidos, primeiro o Jorge poucos dias depois o Hernâni e logo a seguir um amigo dos tempos de Angola (1979/1980), o Lampreia. E mais uma vez a distância, que condiciona uma presença desejada mas difícil de gerir. Até o Álvaro, na inocência dos seus 8 anos, sentindo o quanto nos afectou este período teve esta 'saída' com a Carmo: 'Deixa lá mãe se Agosto é o mês das mortes, Setembro vai ser o mês dos nascimentos'.
Mas falemos de coisas melhores, na passada segunda-feira (20/8) foi dia feriado aqui na Albânia (Al Barhaim) e decidimos que era a altura ideal para ir explorar um dos vários lagos que aqui existem. Desta vez dedicámo-nos ao Lago Ohrid. Este é um lago partilhado pela Albânia e pela Macedónia e após alguma pesquisa na net escolhemos o lado macedónio, pois tem duas pequenas cidades que são estâncias turísticas mais desenvolvidas do que do lado albanês.
Marcamos alojamento num dos poucos hotéis ainda com vagas (88 hotéis, 95% esgotados) o Villa Mina a 8 km da cidade com o mesmo nome do lago - Orhid (aqui voltaremos no próximo post).
Partimos de casa no sábado de manhã pela estrada de Elbasan cujos primeiros 30 km já conhecíamos, mas os 30 seguintes é que são 'bons'... tal como a Carmo gosta.
Sobe, sobe e continua a subir... com curvas e contra curvas apertadas e imensos artistas como aqueles que também temos aí que pensam que a estrada é só deles e que não podem ver ninguém à frente sem tentar logo ultrapassar. Assim não é de admirar que para fazer uma etapa de 60 km se demore mais de duas horas.
A paisagem é de cortar a respiração principalmente nos pontos altos onde se conseguem ver várias cadeias de montanhas.
Depois como tudo o que sobe têm de descer, lá demos inicio a uma descida ainda mais íngreme do que a subida, em direcção a uma planície enorme onde se encontra uma das principais cidades albanesas a seguir à capital Tirana - a cidade de Elbasan.
Esta é uma cidade do interior com restos de uma indústria pesada que existiu em tempos (siderurgias, instalações metalúrgicas...) e que hoje se dedica principalmente à agricultura e ao comércio.
Depois de tirar esta foto, e dado que se aproximava a hora do almoço propus que o fizéssemos por aqui pois não nos parecia que depois houvesse algum sítio onde fosse possível almoçar. Aqui surge a habitual dúvida, onde? Será que é bom? Então sugeri à Carmo que telefonasse ao Ylli Chabiri, que é o nosso contacto para resolver todo e qualquer problema que surja na nossa casa e que sabemos ser oriundo de Elbasan. A amabilidade e a simpatia dele e da senhoria têm sido inesgotáveis- são sócios numa empresa de consultoria na área dos recursos humanos e gerem em jeito de 'co-proprietários' o nosso apartamento.
Contato feito, situação explicada, pediu-nos alguns minutos para se informar da abertura ou não do restaurante que queria sugerir. Três minutos depois ligou-nos deu-nos as informações necessárias: disse-nos para irmos até ao centro e pararmos junto à Baskhia de Elbasan (Câmara Municipal) onde haveria de aparecer alguém para nos levar até ao restaurante.
Assim que parámos, apareceu não o Ylli mas alguém que só podia ser o irmão dele de tão parecido que era.
Num inglês impecável apresentou-se e pediu-nos para seguirmos o carro dele. Cinco minutos depois chegámos à Taverna Antika onde nos deixou entregue à proprietária após nos ter apresentado e tendo dito que era uma boa amiga. O resto já se pode adivinhar...
Restaurante típico Albanês, bem decorado com mesas para cerca de 50 pessoas, sem menu escrito e quando tentámos saber o que comer ou o que nos poderia sugerir, a dona perguntou-nos o que pretendíamos beber? Vinho Albanês, respondemos. Então não se preocupem que a comida já virá. Ainda tentamos explicar o que queríamos para o Álvaro mas foi inútil. Garantimos as batatas fritas e que não viriam nem extremidades nem interiores de nenhum animal.
Foi uma excelente experiência de cozinha tradicional albanesa servida numa lógica de rodízio... o que fez com que ao sexto prato tivéssemos de dizer que ficávamos por ali!! Haveríamos de voltar e aí com amigos ou familiares para que pudéssemos dividir a tarefa comensal!
Continuaremos a descrição da viagem num próximo post.
Não percam, ju lutem (por favor, em albanês)!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAndamos um bocadinho preguiçosos para blogar, não??
ResponderEliminarBeijinhos a todos!
Estava a ver que ninguém reparava.
ResponderEliminarSem leitores falta a vontade de blogar
Bj.
Grande é o teu poder de síntese e sensibilidade sobre a excelência da comida tradicional schipirese e numa só frase - "que não viriam nem extremidades nem interiores de nenhum animal"!!! . Genial. Eu, se apanho cá o Iiiil Xabiri levamo-lo a comer ao Aleixo umas tripas à moda do Porto, ou uma lingua com ervilhas para ele "aprender" a ter mais "cuidado" a recomendar-te restaurantes albaneses.DD
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